COMPORTAMENTO E DURABILIDADE DE ESTRUTURAS EM MADEIRA

A madeira é um material natural, vegetal, abundante e renovável na natureza. A construção civil faz uso desse recurso desde épocas pré-históricas, pois a sua alta resistência mecânica e baixa densidade oferece um bom desempenho às estruturas e facilidade de trabalho. Além disso, a madeira possui um resultado estético sempre autêntico, que traz conforto e aconchego aos espaços onde é adotada.
Vários fatores influenciam as características da madeira, tais como: composição e umidade do solo no local de crescimento da árvore, incidência de chuvas, condições de insolação e de temperatura, posição da árvore na mata, época do corte e processo de extração, entre outros. Tais fatores provocam variações significativas na madeira, mesmo se tratando de árvores da mesma espécie oriundas da mesma região. Para execuções expostas a intempéries, como decks e pergolados, indica-se o uso de madeiras mais duras, resistentes ao tempo, como o ipê. No entanto, apenas o uso da madeira mais indicada não é suficiente. É necessário ficar atento a outras questões relacionadas à durabilidade do material.

É importante ter a garantia do estado seco da madeira, pois essa condição confere ao produto maior estabilidade e resistência, reduzindo as chances de variação dimensional da peça (presença de umidade pode provocar um inchamento da madeira, podendo chegar a uma variação de até 30% do seu volume), e surgimento de fissuras na peça por retração das fibras na secagem tardia. Além disso, o contato com a umidade externa também deve ser evitado em estruturas de madeira, pois permite a proliferação de fungos e altera consideravelmente o comportamento do material. O ideal é adotar soluções de fixação que afastem a madeira de pontos de acúmulo de água.

Somado a esse cuidado, o tratamento com pintura ou verniz é fundamental na proteção da madeira e previne a deteriorização da mesma, inibindo o desenvolvimento de seus principais predadores – fungos e insetos. A madeira precisa estar seca para aplicação da pintura e o Lineaplan recomenda a aplicação de duas demãos antes do trabalho da carpintaria (inclusive nas peças que não ficarão expostas como o barroteamento do deck, por exemplo) e 01 demão para finalização, após o término da execução. Essa manutenção de pintura deve ser periódica, não maior que dois anos de intervalo entre aplicações, a fim de garantir o melhor desempenho e vida útil da estrutura.

E por fim, a durabilidade da madeira também está relacionada com as ligações estabelecidas nas soluções projetuais. O grande vilão desse material natural são os esforços transversais às fibras, especialmente os de tração. Recomenda-se nunca engastar (travar rigidamente) uma peça de madeira no seu apoio ou conexão, pois as chances de fendilhamento são grandes e aparecerá no sentido da fibra. Encaixes com peças metálicas parafusadas ou simplesmente apoios, que liberam o movimento da madeira são os mais indicados. Além disso, a madeira tem um grande recurso que é a possibilidade de entalhes, criando encaixes entre as próprias peças de madeira – uma propriedade interessante a ser explorada.

Assim, a madeira é um material nobre, extremamente versátil e com inúmeros recursos de uso. No entanto, ao decidir pelo uso de estruturas em madeira é recomendável atentar-se aos detalhes comportamentais do material e de cuidados executivos que farão diferença no resultado final do projeto e na durabilidade da estrutura.
Até a próxima!

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